Muito se fala sobre a questão de saúde pública no Brasil, o quanto ela é problemática e como falta uma responsabilidade maior do Estado nesse aspecto. Isso tudo é verdade, mas será que o governo é o único responsável por isso? A verdade é que os hábitos de vida que as pessoas cultivam são grandes vilões da saúde.

Essa informação pode ser totalmente comprovada por dados verídicos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 80% dos casos de doenças do coração, diabetes tipo 2 e derrames são decorrentes de práticas como o tabagismo, falta de uma alimentação saudável, sedentarismo, consumo de álcool além do limite, obesidade e até o próprio estresse.

Também podemos considerar o que disse Chris MacGinnis, uma médica do Memorial Medical Center, segundo ela, a saúde de uma pessoa tem como base cinco pilares: 40% é o seu comportamento, 30% é a carga genética que carrega, 15% são as circunstâncias sociais, 10% é assistência médica e 5% são as condições ambientais. Ou seja, a maior parte é responsabilidade do indivíduo em si.

Tendo como base tudo isso, sabemos que hoje em dia, na área de saúde, as pessoas podem contar com muitos recursos para recuperar a saúde, incluindo tratamentos e medicações, e isso faz com que tenham uma expectativa de vida prolongada. No entanto, o cotidiano corrido e estressante acaba levando a esses hábitos nada saudáveis que foram citados.

É uma tendência do momento o investimento em iniciativas que promovam o bem-estar. Existem empresas, por exemplo, que pretendem acabar com a área de fumantes para desestimular o vício, que oferecem incentivos à prática de atividades físicas e que disponibilizam espaços de lazer. Tudo isso no intuito de contribuir para que os colaboradores tenham uma vida mais saudável.

E os médicos também têm essa responsabilidade. Sua missão não acaba a partir do momento que curam a doença de um paciente ou propõem um tratamento, eles também devem incentivar a mudança de hábitos como forma de prevenção de novos problemas de saúde.

Muitas pessoas realmente não sabem de que maneira as suas atitudes cotidianas podem interferir na sua qualidade de vida e na sua saúde. Não sabem que não tomar cuidado com a alimentação, por exemplo, é um fator de risco que aumenta as chances de desenvolvimento de uma série de doenças. Os médicos devem exercer essa função que é quase pedagógica, instruindo os pacientes, explicando como funcionam os mecanismos do organismo humano e mostrando dados.

Necessita-se de uma mudança geral de postura, todos precisam parar de focar na doença para focar na saúde. É claro que a cura é importante, mas não mais do que a prevenção. Adotar uma nova mentalidade nesse sentido pode mudar, e muito, a qualidade de vida das pessoas.

E é claro que além dos investimentos em saúde propriamente ditos, o Estado também deve entrar como um estimulador dessa mudança de hábitos, seja por meio da realização de campanhas ou pela intervenção no mercado, estabelecendo uma legislação que exija que os produtos sejam mais saudáveis.